Senhores, foi o seguinte:
Tenho um tio que era piloto privado (o responsável por me infectar com o aerococus), hoje ele já não voa mais, se diverte com um simulador, e sempre que eu podia, andava na cola dele, pois em 1977 eu tinha 16 “aninhos” e louco para me tornar também um piloto privado.
Nessa época, o aeroclube de Taubaté, funcionava na fazenda Maristela, em Tremembé, cidadezinha vizinha de Taubaté.
Estávamos fazendo o pré vôo do P-56 Paulistinha PP-HLV, pois iríamos dar umas voltas por ai, quando ouvimos um ronco característico de motor radial, se aproximando.
Para nossa alegria vimos alinhar na cabeceira um T-6 já soltando fumaça, que fez um belíssimo e baixíssimo rasante sobre a pista de grama.
Depois do procedimento de pouso, vimos se tratar do T-6 TRB do saudoso Coronel Braga.
O pouso foi feito, devido o T-6 estar indicando uma baixa pressão de óleo seguido de um aumento de temperatura do velho Pratt Whitney.
Isso não é nenhuma novidade, pois era claro as marcas de óleo, escorrida na fuselagem, vindas do PW.
Depois de um bom papo, muita historia contada, o Braga abriu o porta malas do T-6 e junto a algumas garrafas de Whisky, tirou três latas de óleo e abasteceu o T meião.
Nisso ficamos sabendo que ele estava se dirigindo a Guaratinguetá, onde tinha família.
Numa conversa rápida com o meu tio, perguntei se ele não me pegaria lá, então fiz o pedido ao Braga, para que me levasse de carona até Guará.
Só ouvi ele dizer que se eu sujasse o avião dele, teria que limpar tudo, e eu aceitei.
Decolamos da fazenda Maristela, com uma curva bem acentuada para esquerda, alinhamos novamente com a pista e no final ele puxou um looping bem aberto, e na recuperação emendou com um tonaux, aproando Guará em seguida.
Mantivemos no maximo 1500 pes, acompanhando o rio Paraíba, e chegando lá, uma passagem baixa seguida de outro tonaux, sobre a casa da família, que foi buscá-lo no aeroporto.
Fazer aquele vôo de uns 20 minutos no TRB com o canopy aberto, é uma das coisas que jamais esquecerei.
Quando ele cortou o motor, ele ainda me ajudou a me desamarrar e verificou se eu não havia sujado o seu avião!!!!
Em poucos minutos a família dele chegou, ela já havia fechado o seu “escritório” se despediu e foi embora.
Eu fiquei ali mais uns 30 minutos, admirando aquele avião que ainda estalava o motor e pingava óleo no chão, com medo de acordar e ver que foi tudo um sonho.
O meu tio chegou com o Paulistinha, e sem cortar o motor, embarquei e voltei a fazenda Maristela.
Sempre adorei voar no Paulistinha, mas nesse dia, confesso que a volta, foi muito chata.